Blog Deni Simões - "Ginecologista orienta sobre endometriose"
Cerca de 10% das mulheres no mundo são acometidas pela endometriose. No Brasil, esse número chega a 6 milhões. De acordo com especialistas, a patologia tem se mostrado cada vez mais frequente e, por isso, a melhor compreensão sobre o problema dentro da área médica deve melhorar o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento dessa patologia.
A médica ginecologista e obstetra do Hospital ViValle, em São José dos Campos (SP), Dra. Maria Goretti Teixeira Fonseca Leão, integra a equipe que organiza um simpósio que vai debater o tema em São José dos Campos no próximo sábado, dia 29 de outubro. A profissional conversou com o Blog, passou alguns esclarecimentos sobre a doença.
Ao contrário do que se imagina, a endometriose não é uma doença silenciosa, já que possui vários sintomas. Porém, esses sintomas podem ser confundidos com os de outras enfermidades, dificultando o diagnóstico. “Geralmente nos deparamos com pacientes que, desde a primeira menstruação, queixam-se de cólicas, dor pélvica, e vão fazendo uma peregrinação de médico em médico, até que algum se atenta mais a seus sintomas, às suas dores e começa a investigação mais precisa”, justifica a médica.
Conforme aponta a ginecologista, há trabalhos acadêmicos que revelam lapsos de até sete anos entre o início dos sintomas e o diagnóstico do problema. Há, ainda, casos em que a endometriose pode ser assintomática, como quando a mulher quer engravidar e não tem sucesso. “E então vem o diagnóstico”, completa.Ela adverte, porém, que a endometriose pode tornar-se silenciosa com o uso de contraceptivos, que melhoram muito as dores.
Segundo Maria Goretti, a endometriose é um problema ginecológico caracterizado pela presença de células do endométrio (camada que reveste a cavidade uterina) em órgãos como o ovário, intestino, peritônio ou, até mesmo, o diafragma.
Ainda de acordo com a especialista, a patologia pode provocar cólicas durante a menstruação, dor pélvica, fora do período menstrual, desconforto durante as relações sexuais, infertilidade, dentre outros problemas.
Formas de diagnóstico
A ginecologista defende que, antes de lançar mão dos vários recursos tecnológicos disponíveis para fazer investigar a doença, é preciso escutar o paciente.
“Acredito que uma boa conversa, perguntas sobre seus sintomas, quando eles surgiram e um bom exame físico já nos dá uma valiosa pista para pensarmos na endometriose”, avalia. Depois, inspeções como o ultrassom, ressonância magnética e exames laboratoriais ajudam a fechar o diagnóstico.
Ao abordar os exames, a médica esclarece que a ressonância magnética da pelve fornece dados mais precisos quanto à localização, profundidade das áreas acometidas, auxiliando no planejamento para uma cirurgia precisa e completa, no caso de tratamento.
Endometriose e infertilidade
Muitas mulheres que têm a doença não conseguem engravidar. Isso acontece porque a endometriose provoca um quadro inflamatório crônico na cavidade pélvica, o que pode provocar dificuldade no trabalho das trompas de falópio, responsáveis pela captação dos óvulos.
A ginecologista alerta também que a endometriose uterina causa uma alteração na contratilidade uterina, além das lesões que podem se implantar nas trompas.
Mesmo assim, há muitas pacientes que, mesmo sendo portadoras da doença, conseguem engravidar de forma espontânea.
Endometriose de ovário
A profissional também esclarece sobre a diferença entre a endometriose no útero e a endometriose de ovário, também chamada de “cisto de chocolate”.
“A endometriose uterina, também chamada de adenomiose, é quando o endométrio se infiltra na camada muscular do útero – miométrio, provocando dor pélvica, infertilidade, dor nas relações sexuais”, explica.
Já o endometrioma, segundo a médica, é um cisto que se forma dentro do ovário. “Como o endométrio é o responsável pela menstruação, a cada mês a mulher portadora desse cisto tem um pequeno 'derramamento' de sangue dentro do ovário e esse cisto vai aumentando de volume progressivamente”, conclui.